segunda-feira, 22 de junho de 2009

Casamentos de Verão.....


Chegou o Verão!!!! Ah, o Verão! Essa estação do ano tão maravilhosa quanto horrível. Se por um lado há calor, praia, mar e um número considerável de mulheres semi-desnudadas, por outro lado há… casamentos. Falo, felizmente e apesar de tudo, dos casamentos dos outros. O problema é que insistem com frequência, nesta altura do ano, em convidar-me para as cerimónias. Então é assim: que amigos, colegas de trabalho e familiares queiram arruinar a sua vida é lá com eles. Agora, que façam questão de me ter lá para assistir em posição privilegiada ao início do descalabro é que é mais desagradável. Sobretudo porque se me estão a acabar as desculpas aceitáveis. Nos últimos convites de casamento já tive, seis doenças infecto-contagiosas, outras tantas venéreas, fui vítima de três sequestros, duas prisões domiciliárias e submetido a transplantes dos mais diversos órgãos. Posto isto, não me resta outra alternativa senão ter de comparecer ao próximo convite e arejar a traça do meu (único) fato.... No entanto aproveito esta ocasião para tecer algumas considerações aos casamentos.....

COCKTAIL, ALMOÇO E COPO D’ÁGUA

A primeira conclusão que se extrái é: o pecado da gula foi inventado a pensar exclusivamente nos banquetes de casamento. Nem quero imaginar a quantidade de comida que seria necessária concentrar no mesmo espaço se não se tivesse introduzido na nossa sociedade cristã esse toque de contenção religiosa. Dava com certeza para matar a fome em meia dúzia de países africanos. Também é fácil de perceber o porquê de se ter colocado logo a gula na lista dos pecados mortais. Da forma como os convidados se atiram aos canapés, enchidos, mesas de queijos, mariscos e pratos variados, as hipóteses de se ter um enfarte do miocárdio ou um AVC são bastante elevadas. Dá a sensação que há por ali pessoas que deixaram de comer assim que receberam o convite de casamento (......). Ao observar a orgia gastronómica dos casamentos, não posso deixar de concluir que o pensamento corrente é, “Ah, agora é que uma bulimia vinha mesmo a calhar”.

FOTOGRAFIAS

Outro aspecto interessante dos casamentos é o momento das fotografias com os noivos. Todos insistem em tirar fotografias com os nubentes mesmo que estes estejam já a desfalecer, visivelmente desidratados ou lhes corra um fio de baba pelo canto da boca. Nada disso parece importar aos convidados de um casamento. O que importa é registar o momento. Todos querem uma prova irrefutável de que lá estiveram. As motivações, essas sim, é que têm vindo a mudar. Na década de 70 e 80 as pessoas tiravam fotografias com os noivos para que uns 15 anos mais tarde pudessem mostrar aos filhos as grotescas fatiotas que tinham coragem de usar. E percebe-se: contado, ninguém acreditaria que pudesse ser possível ter-se saído assim vestido à rua, quanto mais aparecer em eventos de confraternização onde estão pessoas que nos conhecem. Poder ser humilhado pelos filhos fazia parte do imaginário social desses tempos. Mais tarde, na década de noventa em diante (devido à diminuição drástica do prazo de validade dos casamentos), as pessoas passaram a querer ter uma fotografia que prove que aquele casamento existiu mesmo. Enquanto o fotógrafo diz “sorriam e olhem para aqui”, podemos ler o que vai na alma dos convivas através das suas expressões faciais: “Humm, dou-lhes seis meses. No máximo dos máximos...”Como se a tortura não bastasse, os noivos têm ainda de dedicar parte da sua tarde a tirar fotografias a dois. O que acontece com frequência é serem levados para uma praia, para o campo ou qualquer outra paisagem idílica. Não percebo. Quanto a mim, este seria o momento ideal para os pôr imediatamente em contacto com o verdadeiro espírito do casamento: as fotografias deveriam ser tiradas na prisão do Linhó, Vale de Judeus ou qualquer outra penitenciária que fique ali por perto. Assim sim, faria sentido.....

2 comentários:

Anónimo disse...

Ahhhhaaaaaaa, belo texto!!!!
Bjs

Gemini disse...

As "Amendoas", que cada convidado, ou casal convidado dá aos noivos, pagam bem o repasto. À noite, depois da Boda, vem a outra ...oda. A primeira (humpf!!) casados, claro! (sim, por que é uma "...oda" contar dinheiro a altas horas da noite!!!)

Mas alguém me diga, não há festas, bem mais baratas ondem entram "gaijas nuas"?

Então, para quando nos casórios, uma sala (falo pelos homens) nem que seja privada e com acesso controlado por BI (ou agora pelo CU!!!), com essas "gaijas nuas", hum?
Onde a malta pudesse, como nas piscinas, tomar um duche à entrada e depois, lavadinhos, entrar, entrar, entrar e participar, desenfreados, numa (e como diria o 'grande' Telmo do BB1 português) "ÓRGIA" alucinante.

Excelente texto, gostei! Parabéns.

Um abraço.