Joga-se amanhã no Estádio Vicente Calderón, em Madrid, a primeira mão dos oitavos de final da Liga do Campeões.
Como bem sabem sou portista, é a equipa do meu coração, tudo bem também sou da Briosa, mas tenho um fraquinho maior pelo FC Porto.
Sou do tempo em que só havia duas escolhas possíveis, ou se era lagarto ou lampião, ser do FCP, era como alguém disse, ser muçulmano na Bósnia (...), tal era o sacrilégio....
Mas como nunca houve ditadura em minha casa, senão certamente seria do Benfica, como o meu pai. E como ele nunca fez questão de impor a sua clubite aos filhos, prova disso é que pudémos escolher democraticamente, assim o meu irmão é lagartito e eu sou portista. Quanto à minha mãe (mãe é mãe, claro !!!), já foi da Briosa, do Brasfemes, do União de Coimbra, etc... Mas isso são outras "estórias".
Então porque é que virei portista? É fácil de contar. Todos nós, enquanto crianças temos os nossos ídolos, aqueles que gostaríamos de imitar quando fossêmos maiores.
E o meu ídolo de então era o Costa da Académica, extremo esquerdo á moda antiga que só via a linha de fundo, e tirava cruzamentos milimétricos para a cabeça do trapalhão do Nicolau, figura cómica que um destes dias irei aflorar neste espaço.
Era pois, na companhia do meu amigo João Ferrão, vizinho da frente e rapazito mais velho e (teoricamente) mais responsável, que eu ía ao antigo Estádio Municipal de Coimbra.
O local era sempre o mesmo, o antigo peão com o seu imponente arco e era aí que me deliciava, no meio dos futricas, com as maldades que o Costa fazia aos adversários.
A época deve ter sido tão boa, que logo foi transferido para o FC Porto, e então nada mais lógico que também eu também tenha "ido" com ele. A partir daí eu fiquei a ser do FC Porto... do Costa.
Lembro-me alguns meses depois, já vivia eu em Lisboa, ter ido ver uma final da Taça de Portugal ao Jamor, e ter sido "gozado" pelo meu pai e pelos amigos pois fomos derrotados pelos lampiões com um golo de um tal César (homónimo de um amigo nosso).
Mas a história mudou, como todos nós sabemos, e o futuro reservou-nos muitas glórias.
Só anos mais tarde voltou a surgir um jogador que criou em mim tal empatia : Paulo Futre. Foi sem sombra de dúvida o melhor jogador português de todos os tempos, aquele que empolgava o Tribunal das Antas, que do nada construía uma obra de arte, que pintava quadros de Picasso com os pés.
Mas, tal como o Costa umas décadas antes na Briosa, tornou-se grande demais para o clube e neste caso para o futebol português, e foi transferido para o Atlético de Madrid, onde ganhou rios de dinheiro e "apenas" uma Taça do Rei.
Este episódio fez com que, mais uma vez, também eu tenha, não mudado de clube, mas começado a sentir um fraquinho pelo Atlético, sem dúvida o meu clube em Espanha.
Tudo isto para falar do jogo de amanhã, em que estarão frente a frente duas das minhas equipas, e como outrora disse o poeta "prognósticos só no fim".
P.S - Foto tirada em 2008 antes do derby Atlético - Real Madrid que fui ver com o meu amigo César.
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